domingo, 5 de junho de 2011

POR UMA NAÇÃO MELHOR

VANESSA NAGEL
Vereadora

Certo dia, recebi um convite que logo se tornou um presentão: visitar uma simpática ex-parteira atualmente com bem mais que meio século de vida. Em meio a nossa animada conversa, tive a sensação de que as mais desejáveis formações acadêmicas, pouco ou nada, conseguiriam lapidar um ser humano tão sábio, cheio de bondade e repleto de histórias verdadeiramente capazes de confirmar a existência real da dedicação ao próximo – raro nos dias e ambientes de hoje. Percebi estar em frente a uma senhora de modestos hábitos, porém, zelosa consigo, com sua casa, sua família e seus animais. Amparadas pelas mãos da simpática mulher, chegaram ao mundo setenta e seis crianças. Todas trazidas com muito amor e respeito ao ser humano – ainda fez questão de dizer que tais sentimentos sempre foram espontâneos em seu coração, ou seja, uma conferência gratuita de como devemos viver em sociedade. Sua coragem e concentração conduziam seus sentimentos e atitudes para que fossem os mais corretos possíveis. Sim, porque telefone ela não tinha, internet nem se cogitava, carros eram poucos, helicóptero águia sem comentários e pré-natal um objeto de luxo, ou seja, o que lhe restava era contar com a sorte, concentração e fé em Deus – o que ela garantiu ter de sobra. E não é que sempre deu certo? Nos quase oitenta partos realizados, ela não conviveu com a morte e nem presenciou qualquer tipo de complicação tanto nos rebentos quanto nas mães – incrível, não? Isso sim que é serviço bem feito. Tudo pela devoção à vida e pelo prazer em fazer o bem – atitudes que atualmente, acredito terem se tornado propósitos de poucos. Hoje estarmos por aí, cercados de tecnologias com potentes configurações, convivendo com pessoas capazes de produções incríveis e nos deparando com interesses de amplitudes inacreditáveis, porém, vivemos enfraquecidos no quesito relacionamento. Facilmente nos deparamos com relações conflitantes arrastando-se, por exemplo, sem o perdão, com diálogo zero e sem qualquer atitude capaz de uma aproximação. Como ousamos então em afirmar que os tempos modernos favorecem a vida se não conseguimos sequer nos organizar em harmonia com seres, aparentemente, iguais a nós? Discordar de intenções, de posturas e de ações é garantia de ofensa, articulações negativas, boicote geral? Como assim? Por quê? Acredito que a inteligência não esteja representada unicamente na capacidade de redigirmos minguados relatórios ou, quem sabe, fazermos textos embasbacados tentando atacar desafetos pessoais e/ou políticos – nada criativo isso. Talvez aquela sabedoria verdadeira responsável em manter sentimentos e reconquistar pessoas, esteja na simplicidade das intenções capazes de sustentar relações pautadas no sonho de um mundo melhor para todos. Pensem nisso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário